terça-feira, 2 de maio de 2017

A sub chantagista e vigarista


Texto de Sr. Jack Napier


Este texto foi estimulado por um comentário por parte de um TOP sobre uma bottom que ameaçou usar a Lei Maria da Penha, portanto achei útil compartilhar algumas ideias.

Pouco se fala dos problemas enfrentados por TOP iniciantes ou que tem compromisso baunilha e de qualquer forma, com pouca experiencia. Claro que estes, cheios de vergonha, nunca irão expor os problemas deles em público, mas talvez enfrentar este assunto, tabu em muitos âmbitos, possa ser útil para alguns.

Neste caso é o TOP quem é atropelado fora da faixa.

Como já falei em outro texto, não é incomum um bottom ao término de uma relação D/s acusar o TOP de abusos, somente para descarregar a própria frustração. Não é incomum o bottom agir também de forma manipuladora e chantagista, e, uma vez que o TOP não aceite este joguinho, o bottom criar falsidades para denegrir o TOP.

Até aqui, tudo bem, normal, acontece.

Mas há uma categoria de bottom que usa o BDSM para fins que são pouco bacanas, com premeditação e com o objetivo de tirar proveito de uma situação. São os chantagistas/vigaristas.

Este tipo de pessoas, são normalmente masoquistas, que aguentam boas pancadas, hematomas extensos, as vezes até na cara, e que caçam TOP sem experiência (que às vezes se dizem experientes), desavisados e ingênuos, com o fim de trazer proveito financeiro. Estabelecem uma D/s a jato, mas cuidam de ter muitos detalhes da vida do TOP “para a segurança deles”, fingem um namoro romântico e bonito na internet, e talvez por umas duas semanas de vida real, com encontros a luz de vela, poesias e promessas de amor. Procuram TOP que tenha uma boa vida financeira e estável, se for casado e a mulher nem desconfiar de nada, é melhor ainda para elas. O TOP ingênuo se abre... no Skype, no Facebook, e também em encontros pessoais, na negociação a jato, fala da sua vida pessoal, dos amigos e trabalho, da família.

Enfim começam as sessões românticas, regadas a frases bonitas e amor, com a sub pedindo spanking intenso, pois amor é amor, mas as pancadas são que a excita... e o TOP tentando fazer o seu melhor, para não decepcionar... bate com força...

Sempre falamos no meio que, se não há prova, não há crime. É muito fácil sair por aí falando e falando, mas sem provas...

E quando há provas?

Quando há um registro de motel que comprova quem esteve lá, fotos (sim, aquela frase... faça fotos com o meu celular que depois te mando) e uma ameaça de B.O. pela Lei Maria da Penha? Quando o bottom conseguiu detalhes sobre sua vida e pode enviar as fotos para o seu trabalho, para a escola de seus filhos, para sua esposa, junto a um B.O.?

Aí entra a chantagem do bottom vigarista... normalmente pedido de dinheiro, e muito, para não expor o TOP na vida baunilha dele, e o TOP normalmente paga, saindo desta situação com grande frustração e com a cauda entre as pernas, frequentemente depois abandonando o BDSM para sempre. Se for um mínimo esperto, pede prova de que pagou e que não há motivo para B.O. pois a relação era consensual.

Neste caso, o TOP foi mais um que cruzou a rua fora da faixa de pedestre, sem olhar dos dois lados, sem prestar atenção se vem um carro ou caminhão e em caso de o cruzamento ter um farol, não olhou para ele.

Quando falamos para conhecer bem as pessoas antes de se aventurar, normalmente falamos aos bottoms, pois são em maioria mais frágeis, mas o mesmo cuidado vale para os TOPs.

Alguns destes TOPs acham que porque se declaram Dominantes e leram algumas coisas na internet já o são, ledo engano. Ser Dominante não é se mostrar fodão e tentar dominar a sub de alma com textos bonitos... significa saber reconhecer os bottoms, saber entender o que realmente são e quais são os anseios reais deles... constituindo uma relação de poder.

Isto não se alcança em pouco tempo, nem com pouca experiência. É um percurso que precisa ser trilhado para entender como funciona o meio, pois assim como na vida baunilha, aqui também temos pessoas boas e ruins e, sendo maior de idade, cabe a você saber distinguir quem é quem.

Então se um dia for vítima de chantagem se pergunte: será que não cruzei a rua sem olhar, sem prestar atenção e fui simplesmente atropelado pelo meu descuido?

Nenhum comentário:

Postar um comentário